Feira de Santana é uma
cidade diferente, enquanto Salvador há os chamados “pinicões” para receber
esgotos domésticos e águas pluviais, que depois do tratamento tem a parte
líquida lançada em riachos, aqui os dejetos e água de chuva vão diretamente
para as lagoas poluindo-as e deixando-as verdadeiros “pinicões” sujos. A
observação é do pesquisador e ecologista Arlindo Fadigas que tem estudos sobre
o assunto e propõe que o governo municipal dê um tratamento próprio à questão
evitando o que vem ocorrendo nas principais reservas hídricas de cidade com as
lagoas do Prato Raso, Salgada, Chico Maia, Grande, Bereca, Pindoba e Subaé, sem
se falar na Lagoa da Pedra do Cavalo.
Autor do Projeto
“Lagoas da Princesa”, Fadigas sugere que as águas de chuvas sejam canalizadas
para as lagoas mais próximas da cidade evitando que as ruas fiquem alagadas.
Isso seria feito observando-se a topografia e zoneamento. Por exemplo, as águas
pluviais do centro da cidade poderiam desaguar na Lagoa do Prato Raso que é a
mais próxima, através de canaletas, como também para os canais de
macro-drenagem, mediante o declive natural do terreno. Em áreas planas como a Avenida
Getúlio Vargas, o escoamento seria através de tubulação. As águas da Getúlio
Vargas também poderiam ser direcionadas para o Prato Raso e Buraco Doce.
O ideal, explica
Fadigas, seria canalizar toda a água pluvial no sentido das três bacias
hidrográficas existentes que “coincidentemente estão dentro da área urbana de
Feira de Santana: bacia do Rio Pojuca, bacia do Rio Subaé e bacia do Rio
Jacuípe”. Em relação a eficiência dos conhecidos “pinicões”, Arlindo Fadigas
cita o caso de Salvador onde há vários desses reservatórios. “Nos bairros de
Cajazeiras, Boca da Mata, Fazenda Grande e Águas Claras há “pinicões”
armazenando água de residências que são tratadas, segundo a Embasa, e depois
lançadas via tubulação, para riachos próximos. A Embasa usa produtos químicos
para o tratamento, tanto que não há mau cheiro desses locais. Após o
tratamento, como já foi dito, a parte líquida vai para riachos e a parte sólida
(dejetos) fica no fundo dos reservatórios”.
Outro item apresentado
por Fadigas seria a retirada das famílias que estão instaladas próximas ou
dentro de lagoas como ocorre no Prato Raso, Subaé, Salgada e Lagoa de Chico
Maia principalmente. Essas famílias que além do perigo de terem suas casas
destruídas, no caso de uma chuva muito forte, estão em áreas insalubres,
convivendo com ratos, cobras, baratas e outros animais nocivos seriam relocadas
para núcleos habitacionais de programas como “Minha Casa Minha Vida”. “É
importante dar dignidade a estas famílias e isso faz parte do processo de
melhoria da qualidade de vida que tanto é definida pelos políticos”.
Fadigas observa que as
lagoas depois desse processo deverão ser dragadas para que o espelho d água
volte a ser visto como antigamente, transformando-se em uma atração, como
ocorre com o Dique do Tororó, em Salvador. Há vários itens significativos nesse
procedimento ressalta: deixar a cidade livre de alagamentos nos períodos de
fortes chuvas, realimentar e recuperar as lagoas, tornando-as pontos de atração
e sobretudo, humanizar a cidade que sofre com o acelerado desenvolvimento
imobiliário.
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