Arlindo Fadigas, estudioso de climatologia e
meio-ambiente volta a insistir na tese do reflorestamento da região Nordeste
como um dos principais, senão o principal para reduzir os efeitos climáticos.
Ele explica que é possível a população do semi-árido conviver com a estiagem,
que é um fenômeno natural desde quando faça um bom sombreamento plantando
árvores, inclusive frutíferas. A arborização possibilita maior umidade do solo
e evita a grande evaporação que ocorre exatamente por falta de proteção para o
terreno.
A
seca que tem atingido a Bahia com intensidade, embora abrandada nos últimos
dias com as chuvas, é um fenômeno natural que precisa ser visto dessa maneira e
tratado com programas específicos e não de última hora quando se apresenta,
como ocorre todas as vezes que há uma longa estiagem. Arlindo, explica que
“duas crianças – El Niño e La Niña – juntamente com o aumento das atividades
solares, são os grandes controladores do clima da terra, através dos oceanos”.
Ele
observa que é possível amenizar e conviver com o problema através da técnica do
sombreamento, que prevê o plantio de árvores de grande porte e outras nativas
da região ou que a ela se adaptem, devido ao clima extremamente quente e seco
da região Nordeste e do norte de Minas Gerais. Dentre essas espécies estão:
mangueiras, cajueiros, jaqueiras, tamarineiros, jabuticabeiras, abacateiros,
umbuzeiros e outras que além de frutíferas oferecem boa sombra. Essas árvores
frutíferas têm que ser plantadas de forma bastante densa de maneira a produzir
sombra para evitar a incidência dos raios solares diretamente sobre o solo
durante muito tempo e com isso o ressecamento da terra que ocorre através da
sucção da água, contribuindo também para a diminuição da água de rios, lagoas e
outras reservas hídricas através do processo natural de evaporação.
Ao
fazer a técnica de sombreamento, o solo passa a ficar mais úmido e as raízes
das árvores penetrando no solo fazem com que a água suba por gravidade ficando
próxima à superfície da terra. O terreno úmido possibilita o plantio de
verduras, legumes, árvores de pequeno porte, restabelecendo o equilíbrio do
clima. Conforme Fadigas, o clima do Nordeste e do norte de Minas Gerais
propicia até três colheitas/ano sendo excelente para o plantio do café, cacau e
todos os tipos de hortaliça, bem como para as pastagens voltadas para rebanhos
de caprinos e ovinos, tudo isso por entre as árvores.
Salienta
Arlindo Fadigas que o clima das regiões Sul e Sudeste é quente, seco e úmido
diferente do ocorre no Nordeste onde o clima é quente e seco. “É justamente a
falta de umidade relativa do ar na região Nordeste que explica o problema da
seca no Nordeste brasileiro e no norte de Minas” relata. Reforça assim a
necessidade de essas regiões terem um amplo programa de reflorestamento. “O
aumento da umidade do ar em torno de 70% a 80% é essencial para amenizar os
efeitos da seca na região a ponto de nós não mais a sentirmos pois ela passará
a ter um regime mais brando principalmente pela chuva que cairá com maior
freqüência a abundância”. Arlindo Fadigas conclui conclamando autoridades e
habitantes da região para que iniciem, o quanto antes, o processo de reflorestamento. “Já estamos
atrasados e em muito. O replantio de árvores no Nordeste e em especial na nossa
região, o semi-árido, deveria ter sido iniciado há muito tempo, mas se
começarmos logo nossos filhos e netos terão por certo, uma região bem melhor
para viver”.
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