No momento em que as
chuvas que caem na região animam os ruralistas que já preparam a terra e alguns
em fase de semeadura, o pesquisador e ambientalista Arlindo Fadigas, destaca
que independente de medidas emergenciais dos governos, que são necessárias tais
como: liberação dos recursos financeiros, fornecimento de sementes, carros-pipa
e cisternas, é indispensável o redimensionamento dos ciclos que determinam as
estações do ano, já que “o nosso calendário agrícola não pode ter por base as
estações do ano como elas são, já que existe uma sensível diferença entre o
Brasil e países de Europa”.
Salienta Fadigas que as
estações do ano na Europa, que está em uma área sub-polar, diferem das do
Brasil, que é um país intertropical, a exceção da região Sul que é subtropical. O Nordeste
brasileiro está numa região intertropical – entre o Trópico de Capricórnio e a
linha do Equador – apenas 7% do território nacional estão fora desse perímetro.
Desse modo a divisão das estações do ano no Brasil: Verão (de dezembro a março)
outono (março a junho) inverno (junho a setembro) e primavera (setembro a
dezembro) não condiz com o clima intertropical já que as mudanças das estações
quase que são imperceptíveis, ao contrário do que ocorre em países europeus que
têm verão muito quente e inverno intenso com temperaturas até abaixo de zero. A
primavera e o outono são fases de transição, com mudanças lentas.
No Nordeste brasileiro,
observa Fadigas a mudança das estações não é tão definida, tanto assim que a
passagem do outono para o inverno ocorre de forma natural, quase imperceptível,
o mesmo ocorrendo na transição do inverno para o verão. “No Nordeste brasileiro
as estações do ano embora sejam quatro teoricamente, na prática são três: Verão
de dezembro a março, Inverno de abril a julho e primavera a partir de agosto a
dezembro”. Com isso, observa o pesquisador, a produção de algumas frutas que na
região Sul do Brasil ocorre uma vez por ano, no Nordeste chega a ter três
safras dependendo apenas de haver irrigação. Em relação ao semi-árido da Bahia,
ele ressalta que há um erro histórico no plantio de culturas básicas como
feijão e o milho.
“O plantio geralmente
começa em março, até porque é observada a tradição das chuvas de São José, mas
o ideal seria retardar a semeadura para o mês de abril, para pegar o período
chuvoso que sempre ocorre a partir desse mês”. Outro detalhe, de ordem técnica,
para efeito de ampliar em muito a produção, segundo ele, seria a utilização de
máquinas ou arados à tração animal para preparar a terra já que a enxada
retarda o trabalho e não deixa a terra em condições ideais para o plantio. Além
disso, na semeadura deve ser jogada uma maior quantidade de sementes nas covas
que deve ficar mais próxima o que garantiria maior produção de sementes,
conclui.
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